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COPLACANA Convida

O que esperar das condições climáticas e qual o impacto disso na sua propriedade?

Tempo de Leitura: 4 min

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A Revista COPLACANA teve a oportunidade de conversar com Dayane Nascimento Figueiredo, meteorologista da Climatempo, sobre um assunto muito importante para você, produtor rural: as condições climáticas.

Entender os eventos adversos e o impacto deles na produção é a base para qualquer tomada de decisão no campo.

Confira:

 

Revista COPLACANA: Quais deverão ser as condições climáticas predominantes na região de atuação da COPLACANA? Haverá algo diferente a se considerar em relação à média histórica?

A safra de 2023/2024 foi marcada pela atuação do fenômeno El Niño, caracterizado pelo aquecimento anômalo das águas superficiais do Pacífico equatorial.

Isso altera não só o padrão de circulação da América do Sul, como do globo todo.

Vários países foram impactados por este fenômeno que tem como um dos impactos clássicos a irregularidade das chuvas na região Centro-Oeste e Sudeste do país durante o período chuvoso.

Com relação à climatologia das áreas produtoras da COPLACANA, costuma chover de forma regular e favorável para o desenvolvimento da cana, além disso, as temperaturas ao longo do verão não costumam ser extremamente elevadas, o que também favorece o processo de desenvolvimento e teor de açúcar da cana-de-açúcar.

Contudo, com a instalação deste fenômeno no início desta safra, as áreas produtoras sofreram com chuvas irregulares que não garantem a umidade do solo e com temperaturas máximas muito acima da média histórica, as famosas “ondas de calor” que ocorreram ao longo de outubro e novembro de 2023.

 

Revista COPLACANA: Como explicar o prolongamento do período de altas temperaturas, que foi registrado até o final do mês de maio? Quais são as estratégias de adaptação a essas mudanças?

As altas temperaturas que ocorreram ao longo do período de março, abril e maio aconteceram devido a vários fatores.

Todos eles levam em consideração uma grande questão que está vigente há muito tempo, as mudanças climáticas provocadas pelo homem.

A massa oceânica está bem mais aquecida, intensificando fenômenos atmosféricos.

Foram registradas temperaturas altas e recordes em várias regiões do mundo, um grande indicativo de que o planeta em si está bem mais quente.

2024 segue sendo um dos anos com temperaturas mais altas e, com isso, fenômenos que estavam vigentes ao longo de março, abril e maio foram intensificados.

O El Niño, o grande vilão que acarretou ondas de calor em outubro e novembro de 2023, atingiu seu pico de intensidade entre o fim de 2023 e início de 2024, e a partir de fevereiro iniciou um processo gradual de enfraquecimento, embora a resposta atmosférica siga até os dias atuais, já que a atmosfera responde mais lentamente após o fim do fenômeno.

Ainda como efeitos residuais do El Niño, podemos citar, por exemplo, grandes e persistentes bloqueios atmosféricos, que provocaram temperaturas extremamente altas ainda em maio sobre amplas áreas do país, além de barrar o avanço de frentes frias, que resultaram em chuvas muito excessivas com inúmeros transtornos na região Sul, sobretudo o Rio Grande do Sul.

As áreas produtoras de cana, para se planejar a eventos extremos e mudanças climáticas, devem realizar estudos de caracterização climática.

Estes estudos conseguem verificar quais regiões estão em processo de aquecimento e tendo temperaturas altas.

Além disso, as áreas produtoras que realizarem este estudo conseguem verificar o comportamento das chuvas ao longo dos últimos anos e como pode ser o padrão futuro, para se planejar melhor e se adaptar às mudanças climáticas.

 

Revista COPLACANA: As condições climáticas estão afetando as plantações e o ciclo de desenvolvimento das plantas? Há algum aumento na incidência de doenças ou pragas?

Com as altas temperaturas na fase de desenvolvimento das áreas cultivadas recentemente, há a possibilidade de encurtar o ciclo da cultura.

Com isso, além de encurtar o período de desenvolvimento da cultura, as áreas plantadas podem sofrer com o atraso ou não brotação de novas culturas.

A falta de chuva que ocorreu ao longo de março e abril também pode impactar as áreas de cana que vão ser colhidas no final do período de colheita. 

Além disso, a temperatura mais elevada favorece a reprodução de algumas pragas como a broca, cigarrinha e cochonilha.

Importante estar atento quanto à previsão de chuva e à umidade relativa do ar para que os manejos sejam feitos no momento certo.

Quanto a doenças, a principal que pode ser favorecida é a escaldadura das folhas e o raquitismo da soqueira, o que demanda maior gerenciamento das operações agrícolas, qualidade das mudas e controle de insetos vetores.

 

Revista COPLACANA: Como a temperatura está afetando os custos de produção dos agricultores?

A curto prazo, temperaturas acima da média podem impactar os custos de diversas formas como aumento de lâminas de irrigação e custos maiores com tratos culturais no manejo e controle de pragas e doenças.

É preciso estar atento ao tempo de maturação do canavial, que pode ser impactado pelo estresse térmico, o que demanda um planejamento adequado da colheita.

Quanto à perda de produtividade, em geral a cana que está sendo colhida atualmente não deve apresentar esse problema, mas é preciso estar atento à safra 24/25 caso o período de estiagem se prolongue.

 

Revista COPLACANA: Além da newsletter (informativo quinzenal) COPLACANA, quais ferramentas de monitoramento climático estão disponíveis para os cooperados e como elas podem auxiliar na tomada de decisões?

Atualmente a Climatempo entrega ao mercado o seu SMAC (Sistema de Monitoramento e Alerta), uma ferramenta integradora de informações na qual os cooperados podem acompanhar dados observados tanto por sua rede própria de estações meteorológicas quanto da rede pública, além de imagens de radar, satélite e os mais modernos modelos de previsão do tempo.

Essa ferramenta permite, em um único ambiente, o controle completo de todas as informações referentes à meteorologia que auxiliam as tomadas de decisão a serem mais rápidas e embasadas.

 

Revista COPLACANA: Quais tecnologias agrícolas inovadoras podem auxiliar os cooperados da COPLACANA a lidar com os desafios climáticos?

Os desafios climáticos estão cada vez maiores e por isso é preciso estar preparado.

A Climatempo oferece um portfólio completo capaz de entregar informações tanto para planejamento de curto/médio prazo como datas de plantio, colheita e pulverizações quanto a longo prazo como entendimento da tendência climática da próxima safra para auxiliar na compra de sementes.

Além disso, a Climatempo também desenvolve estudos específicos para identificação das projeções climáticas para as próximas décadas, que podem auxiliar na tomada de decisão sobre quais culturas investir e até na aquisição de novas áreas.