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COPLACANA Convida

Planejamento do manejo de pastagem: como fazer?

Tempo de Leitura: 3 min

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*Contribuição do engenheiro agrônomo Ari José Fernandes Lacôrte.

 

Boa parte da produção de leite e carne bovina é realizada em pastagens no Brasil.

Fazer um manejo correto tem como objetivo maximizar a produção animal, estabelecer a melhor lotação por área, para as condições locais.

O bom manejo deve ainda permitir a produtividade que não degrade as áreas de forragens, evitando perdas patrimoniais no acervo de pastagem.

 

Tipos de manejo

Existem dois manejos: contínuo e rotacionado.

No manejo contínuo, os animais ficam o ano todo no mesmo pasto ou em alternâncias longas de pastejo e descanso nos piquetes e, em geral, em baixas lotações por área.

Este sistema maximiza a produção individual pela alta seletividade da qualidade do capim pastejado pelos animais.

Porém, neste manejo, a produtividade por área é baixa, dada a baixa lotação de animais por área de pastagem.

 

Manejo rotacionado

No manejo rotacionado, é feita uma divisão dos pastos em sub piquetes que são utilizados alternadamente em períodos de pastejo e descanso.

Em geral, estes períodos de pastejo e descanso são característicos para cada espécie de forrageira, conforme alguns exemplos mostrados na tabela 1.

 

TABELA 1: Período de descanso e alturas de entrada e saída da forragem no rotacionado.

CAPIM PERIODO DE DESCANSO (dias) ALTURA DE ENTRADA DOS ANIMAIS (cm) ALTURA DE SAIDA DOS ANIMAIS

(cm)

Colonião, Tanzania Mobaça 36 70 – 80 30 – 40
Braquiarão 36 40 – 50 20 – 25
Braquiaria decumbens 28 30 – 40 15 – 20
Tifton, Coast cross Estrela 21 a 28 20 – 30 10 – 12

 

 

Para determinar o número de piquetes no pastejo rotacionado, pode-se utilizar a seguinte fórmula:

Número de piquetes =

Período de descanso

_____________________ -1

Período de pastejo

 

Área total para pastejo

A área total de pastagem depende da produtividade de forragem em matéria seca derivada da massa de forragem original produzida.

Este parâmetro pode ser definido por tabelas ou empiricamente pela experiência do produtor ou técnico em relação à área utilizada.

A tabela 2 traz as estimativas da literatura com base na MS (Matéria Seca) produzida para algumas espécies.

 

TABELA 2: Estimativa de produção anual de forragem em matéria seca

 

FORAGEM PRODUÇÃO ANUAL- VALOR DE REFERÊNCIA EM T DE MS/Ha
Brachiarão 10 a 25
Brachiaria decumbens 18 a 20
Colonião 40 a 50
Braquiaria umidicola 12 a 15

 

Os valores da tabela 2 são médios e devem ser encarados como estimativas a serem ajustadas na prática.

Inicialmente, para dimensionar a área, o primeiro passo é transformar o número de animais em quilogramas de peso vivo.

Por exemplo, se forem 50 vacas com média de 550 kg de peso vivo, o total será de 27.500 kg de peso vivo = (550 x 50).

A seguir, define-se a quantidade de forragem que os animais consumirão por dia.

Se cada animal ingere 1,8% do seu peso vivo /dia em matéria seca do pasto, obtém-se, no exemplo, 27.500 kg de peso vivo por dia x 1,8% = 495 kg de matéria seca por dia consumidas.

 

Quantidade de alimento x ano

Para saber quanto alimento na forma de MS da pastagem os animais precisarão por ano, deve-se levar em consideração as perdas resultantes do pastejo.

Pode-se considerar, na prática, 30% de perda total de forragem representadas pela soma das perdas pelo pastejo animal e do resíduo de pasto ao final do pastejo.

É preciso também considerar a estacionalidade das águas e da seca, ao redor de 10%, que é a produção da pastagem no inverno sobre toda produtividade anual.

Assim, temos necessidade de MS nas águas/Ha = consumo diário de MS/(1-perdas em pastejo)

MS/Ha nas águas = (495*180)/(1-0,3) = 127.300 kg. Nas águas ou 180 dias.

Falta ainda considerar o consumo de seca usando um fator de estacionalidade, ou seja do total produzido no ano o que é produzido nos 180 dias de seca. Admitindo-se que apenas 10% é produzido no período de seca temos:

 

Demanda total de MS/ano= Demanda de verão/1-% de estacionalidade

= 127.300kg/(1-0,1)=141.500 kg de demanda total no ano de MS ou arredondando-se 140 toneladas de MS.

 

Considerando a produtividade média da forragem  de  14 toneladas/ano de MS , valor intermediário da tabela 1, temos que a  área de pastejo será:

 

     Demanda total de MS/Há/ano

= ——————————————–  

     Produtividade de MS/Há/ano.

Então 140 kg/14 t= 10 hectares.

 

Temos, portanto, 10 Ha de área para pastejo do lote de 50 vacas.

Finalmente, observamos que os parâmetros utilizados dependem da produtividade dos pastos que é dependente da fertilidade do solo e o manejo adotado.

É recomendável o acompanhamento técnico para análise da fertilidade do solo e ajuste da produtividade de massa de forragem verde original e a MS associada para o manejo adotado.