A presença da mulher na Agropecuária brasileira tem se consolidado cada vez mais.
Um exemplo disso é a história da Cooperada COPLACANA Tânia Maria Ferraz de Arruda Salvador, que, desde cedo, ao lado da família, esteve presente nas atividades rurais, vivência que a preparou para assumir responsabilidades que, tradicionalmente, antigamente eram destinadas apenas aos homens, em sua maioria.
Tânia nasceu na cidade e viveu o campo.
Filha de Lucio Ferraz de Arruda, diretor de escola no bairro Dois Córregos, em Piracicaba/SP, e de uma professora respeitada, ela aprendeu desde cedo o valor da educação e da responsabilidade.
“Minha mãe sempre dizia que todos tínhamos que estudar e ter uma profissão. Ela era exigente e à frente do seu tempo”, relembrou Tânia.
O patriarca Antonio Ferraz de Arruda iniciou a história da família no campo com a aquisição da Fazenda Milhã por “um conto de réis”, em março de 1850, localizada no bairro rural de Formigueiro, em Saltinho/SP, no eixo Piracicaba-Tietê.
Essa propriedade, desmembrada da Sesmaria do Congonhal, foi o início do legado agrícola da família, inaugurada a nova morada em 28 de março de 1850.
O patriarca era um homem de “grande preparo, emérito latinista” e um administrador efetivo, que possuía terras em Capivari/SP antes de se estabelecer em Piracicaba.
Inicialmente, Ferraz de Arruda plantou o capim Milhã, que deu nome à propriedade, e começou o cultivo de cana-de-açúcar e a produção de açúcar.
A fazenda iniciou o plantio de café a partir de 1867.
Quando o pai de Tânia, Lucio Ferraz de Arruda, decidiu assumir a fazenda, o desafio era enorme.
“Não tinha nada, era uma vaca, um bezerro e muita vontade de fazer dar certo”, contou.
Com o tempo, mesmo trabalhando como professor e diretor, conseguiu tocar a propriedade e criar os filhos com dignidade.
A família se tornou conhecida na região de Piracicaba/SP, marcada por valores sólidos e uma vida cheia de propósito.
Casada e mãe, Tânia chegou a dar aulas de inglês e administrar uma escola em Piracicaba/SP, mas o chamado da terra falou mais alto.
Enquanto os irmãos seguiram outros caminhos — dois deles médicos —, Tânia permaneceu próxima da lavoura e se formou em Engenharia Agronômica pela Esalq/USP.
Com o passar dos anos, ela passou a acompanhar o pai de perto: nas idas à cooperativa, no banco, nas decisões sobre manejo e produção.
“Meu pai era meu companheiro, amigo e mestre.
Quando ele faleceu, há 12 anos, me senti perdida, mas também percebi que estava pronta para seguir o legado dele.”
A propriedade da família passou a ser conduzida por Tânia, que adotou uma gestão moderna e sustentável, trouxe uma visão estratégica para a administração da propriedade e se destacou por sua liderança.
Ela buscou assistência técnica especializada e passou a investir no manejo dos pastos e no uso de tecnologias.
“Eu acredito muito em conhecimento técnico aliado à vivência”, explicou.
Trajetória na COPLACANA
A relação da família de Tânia com a COPLACANA é antiga — vem desde os tempos de seu pai, que já era Cooperado há décadas.
“Desde pequena ouço falar da COPLACANA. Meu pai participava, comprava insumos, ia às reuniões. Sempre foi um ponto de apoio para a gente.”
O vínculo se fortaleceu com o tempo.
Tânia sempre participou ativamente das atividades da cooperativa e, recentemente, recebeu o convite para integrar o Conselho Fiscal.
“Quando o Presidente me ligou, eu fiquei surpresa. Nunca tinha participado de nada parecido. Ele me disse: ‘você tem valores que vão agregar muito’. E foi aí que aceitei o desafio.”
Depois de participar do Conselho Fiscal, Tânia foi convidada para integrar o Conselho de Administração.
“Eu me vejo como uma representante dos Cooperados. A voz da mulher traz uma sensibilidade e uma visão de futuro que complementam a força do agro.”
Hoje, Tânia segue atuando com paixão e responsabilidade.
Divide seu tempo entre a administração da fazenda e as atividades da cooperativa.
Para ela, a COPLACANA contribui para o crescimento da família e da comunidade.
Essa parceria demonstra a importância do cooperativismo para o fortalecimento da agricultura familiar e para a valorização da mulher no campo.
Histórias como a de Tânia inspiram uma nova geração de Cooperadas, produtoras e líderes.